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A cidade de Porto Alegre recebeu nos últimos seis anos 3.374 migrantes de mais de 56 diferentes nacionalidades. Os dados de pesquisa realizada pelo CIBAI/Pompeia foram apresentados nesta terça-feira (25 de junho/19) pelo investigador social Jurandir Zamberlan, no Encontro de Formação Social promovido pela Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre. O evento de qualificação dos agentes da ação social da Igreja também contou com palestra do assessor da Cáritas, jornalista Elton Bozzetto, que destacou atitudes e ações importantes dos católicos diante da realidade migratória.
Conforme levantamento realizado pelo CIBAI, os bairros Ruben Berta (697 migrantes), Floresta (622), Sarandi (382), Centro Histórico (343) e Lomba do Pinheiro (155) são as regiões da cidade que mais concentram migrantes. Eles são de muitos países, sendo haitianos (1675), senegaleses (775), República Dominicana (156), Colombia (148) e Uruguai (138). Zamberlan destacou que está se acentuando uma mobilidade interna. "Muitos estão se deslocando de municípios do interior onde ocorre uma redução do nível de oportunidades de trabalho para a capital. No início de 2018, Porto Alegre tinha 16% dos migrantes que viviam no Rio Grande do Sul. Em junho de 2019, esse índice subiu para 37%".
Ele sugeriu que as paróquias e organizações católicas fortaleçam as redes de ajuda e apoio para auxiliá-los, tanto nas situações emergenciais, quanto no encaminhamento para o mercado de trabalho. O jornalista Elton Bozzetto acrescentou que o acolhimento é a primeira medida necessário para garantir a dignidade ao migrante. "Acolhimento não é assistência, mas um direito do migrante. É urgente uma mudança de atitude para superar a indiferença. Diante da rejeição, precisamos uma generosa atitude de hospitalidade".
Segundo Bozzetto, a promoção do direito de migrar passa pela garantia de desenvolvimento integral dos migrantes, assegurando acesso aos bens e serviços públicos, assistência dos programas de políticas públicas, qualificação profissional e integração cultural, com a valorização de suas expressões culturais e respeito às convicções religiosas. "É fundamental valorizar as suas potencialidades e promover o reconhecimento de suas culturas".
Os assessores indicaram às equipes paroquiais outras iniciativas importantes como a implementação de cursos de iniciação à língua portuguesa, o acompanhamento familiar, o estímulo à criação de suas associações e a orientação para acesso aos serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Durante a exposição foi destacado o trabalho do Mensageiro da Caridade, que de janeiro a junho deste ano, já contribuiu com o repasse de utensílios domésticos para mobiliar 73 residências de migrantes.